Polinizadores
- Trilha do Tatu - UEG
- 24 de set. de 2024
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INSETOS DO CERRADO NA TRILHA DO TATU
O Cerrado, o segundo maior bioma brasileiro, é uma savana rica em biodiversidade, incluindo uma grande variedade de insetos que desempenham papéis fundamentais nos ecossistemas. Os insetos no Cerrado estão amplamente distribuídos por suas diversas formações vegetais, como o cerrado stricto sensu, matas de galeria e matas secas. Estes organismos são essenciais para o funcionamento ecológico do bioma, participando ativamente de processos como polinização, decomposição da matéria orgânica e controle biológico de pragas.
Os insetos polinizadores desempenham um papel essencial na manutenção da biodiversidade do Cerrado, conhecido por sua rica variedade de flora. Esses insetos garantem a reprodução de muitas espécies vegetais nativas, promovendo a produção de sementes e frutos, que sustentam uma ampla gama de organismos. A polinização por insetos é um dos processos ecológicos mais importantes no Cerrado, e diversas espécies de abelhas, borboletas, besouros e vespas são responsáveis por essa função.Principais insetos polinizadores do Cerrado:
Abelhas nativas (Hymenoptera)
As abelhas sem ferrão, como as do gênero Melipona, Trigona e Scaptotrigona, são os polinizadores mais importantes do Cerrado. Elas visitam uma grande variedade de flores, coletando néctar e pólen. As abelhas são fundamentais para a reprodução de plantas como o pequi (Caryocar brasiliense), o barbatimão (Stryphnodendron adstringens), e o pau-santo (Kielmeyera coriacea), que dependem delas para a polinização.
A abelha-africanizada (Apis mellifera), embora introduzida no Brasil, também é uma polinizadora importante em várias culturas do Cerrado, mas pode competir com abelhas nativas em alguns casos.
Borboletas (Lepidoptera)
Borboletas, como as da família Nymphalidae e Pieridae, são polinizadoras diurnas importantes no Cerrado. Elas são atraídas por flores coloridas e ricas em néctar. A borboleta Ascia monuste, por exemplo, é comum em áreas abertas e ajuda na polinização de diversas plantas herbáceas.
As borboletas são particularmente importantes para plantas com flores de cores vivas, como a cagaita (Eugenia dysenterica) e o ipê-amarelo (Tabebuia ochracea), que atraem esses insetos para a coleta de néctar.
Besouros (Coleoptera)
Besouros, como os da família Scarabaeidae e Cetoniidae, também desempenham um papel significativo na polinização. Eles são atraídos por flores com estruturas robustas e muitas vezes se alimentam de pólen. No Cerrado, besouros polinizam plantas com flores grandes e perfumadas, como o pequi e a embaúba (Cecropia spp.).
Vespas (Hymenoptera)
Vespas (Marimbondos) também atuam como polinizadoras no Cerrado, embora de forma menos especializada do que as abelhas. Muitas espécies de vespas visitam flores em busca de néctar e, nesse processo, acabam transferindo pólen entre as plantas. Plantas como o pau-terra (Qualea grandiflora) e o murici (Byrsonima crassifolia) são comumente polinizadas por vespas.
Moscas (Diptera)
As moscas, especialmente aquelas da família Syrphidae (moscas-das-flores), são polinizadoras importantes, especialmente para plantas com flores mais discretas e menos coloridas, como algumas espécies de Orchidaceae e Asteraceae. Elas são atraídas principalmente por flores que produzem grandes quantidades de néctar ou têm odores fortes.
Importância dos polinizadores no Cerrado: A polinização cruzada realizada por insetos é crucial para a reprodução de muitas plantas nativas do Cerrado, especialmente aquelas que possuem adaptações específicas para atrair seus polinizadores. A ausência desses insetos pode comprometer a reprodução de plantas importantes, reduzindo a diversidade vegetal. A interação entre plantas e polinizadores é essencial para manter a estrutura dos ecossistemas do Cerrado. A polinização por insetos garante a produção de frutos e sementes que alimentam outros animais, como aves, mamíferos e répteis, estabelecendo uma cadeia ecológica sustentável.
Algumas plantas do Cerrado polinizadas por insetos têm grande importância econômica, como o pequi, cuja polinização depende de besouros. Além disso, muitas dessas plantas têm valor cultural e medicinal para as populações locais, tornando a preservação dos polinizadores fundamental para a subsistência dessas comunidades. O Cerrado é caracterizado por estações bem definidas, com uma estação seca prolongada. Muitos insetos polinizadores, como as abelhas nativas, desenvolveram estratégias para lidar com essa sazonalidade, como a redução de atividade ou a construção de ninhos subterrâneos que lhes permitem sobreviver durante a seca.
Ameaças aos Insetos Polinizadores: Os polinizadores do Cerrado enfrentam várias ameaças, como o desmatamento, o uso intensivo de pesticidas e a monocultura agrícola, que fragmentam o habitat e reduzem a disponibilidade de flores nativas. A destruição do habitat natural afeta diretamente as populações de insetos, comprometendo a polinização e, consequentemente, a reprodução das plantas nativas.
Os insetos polinizadores são fundamentais para a sobrevivência e manutenção dos ecossistemas do Cerrado. Eles garantem a reprodução das plantas, a continuidade da cadeia alimentar e a preservação da biodiversidade. Preservar esses polinizadores, por meio de ações que promovam a conservação dos habitats naturais e práticas agrícolas sustentáveis, é essencial para garantir a saúde ecológica do Cerrado, que é um dos biomas mais ricos e, ao mesmo tempo, mais ameaçados do Brasil. Entre as principais plantas que desempenham um papel fundamental nesse processo, destacam-se:
Ipê-amarelo (Tabebuia ochracea) – Esta espécie é muito visitada por abelhas, especialmente na época de floração. Suas flores grandes e vistosas atraem polinizadores que garantem a reprodução da planta.
Pau-santo (Kielmeyera coriacea) – Também conhecido como pau-terra, suas flores possuem um rico néctar, atraindo abelhas e borboletas, que atuam como polinizadores eficazes.
Cagaita (Eugenia dysenterica) – Frutífera nativa do Cerrado, a cagaita é uma importante fonte de alimento para insetos polinizadores, principalmente abelhas, que ajudam na reprodução das plantas e na formação dos frutos.
Barbatimão (Stryphnodendron adstringens) – Suas flores produzem néctar que atrai insetos polinizadores como abelhas e borboletas, essenciais para a polinização desta planta de grande importância medicinal.
Pequi (Caryocar brasiliense) – Muito característico do Cerrado, o pequi tem flores grandes e perfumadas que são altamente atrativas para abelhas, besouros e morcegos, sendo polinizada principalmente por esses insetos.
Pau-d'óleo (Copaifera langsdorffii) – Esta árvore tem flores pequenas que produzem bastante néctar, atraindo abelhas, vespas e outros insetos para a polinização.
Angico (Anadenanthera colubrina) – O angico possui flores pequenas e vistosas, que atraem abelhas e outros polinizadores, importantes para a reprodução desta espécie.
Murici (Byrsonima crassifolia) – Suas flores são polinizadas principalmente por abelhas, que são atraídas tanto pelo néctar quanto pelo pólen, auxiliando na reprodução e formação dos frutos.
Essas espécies vegetais são fundamentais para a manutenção da biodiversidade no Cerrado, fornecendo néctar e pólen para os insetos polinizadores, que por sua vez asseguram a reprodução das plantas. A interação entre as plantas e os polinizadores é vital para a saúde dos ecossistemas do Cerrado e para a produção de frutos e sementes que também sustentam outros animais.