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Cerrado

O Cerrado é um bioma essencial para a América do Sul, devido à sua rica biodiversidade, à importância na preservação dos recursos hídricos e à riqueza cultural das populações tradicionais que ali vivem. Apesar dessa importância, governos brasileiros ao longo dos anos têm transformado o Cerrado no último grande "celeiro agrícola" do mundo. Como resultado, nos últimos quarenta anos, a paisagem originalmente ocupada pelo Cerrado passou por uma profunda transformação, com mais da metade de sua área nativa sendo convertida em pastagens e monoculturas extensivas.
Além da degradação ambiental, essa transformação resulta na destruição da cultura Cerratense, afetando povos indígenas, quilombolas, caipiras e geraizeiros que historicamente compõem a região. A pouca valorização do Cerrado, em suas múltiplas dimensões, pelos meios de comunicação também contribui para a fraca identificação da população urbana com o bioma, o que pouco contribui para interromper essa marcha de destruição.
Destacar o Cerrado como tema prioritário na agenda política brasileira e nas escolas é crucial para reverter o processo de destruição do bioma e mitigar os impactos socioambientais resultantes.
O Cerrado é um conjunto de tipos de vegetação (fitofisionomias) característico da porção central da América do Sul. Esta savana, semelhante às encontradas na África, Austrália e Venezuela, possui diversas características comuns a essas regiões. Uma dessas características é a presença de árvores espaçadas, intercaladas por vegetação rasteira, o que resulta em três estratos ou camadas de vegetação: uma camada rasteira composta por gramíneas e ervas, uma camada arbustiva formada por pequenos arbustos, e uma camada arbórea com árvores de maior porte.
Outro aspecto típico das savanas é o regime de chuvas, que no Cerrado se divide em duas estações bem definidas: uma seca e outra chuvosa. Visitantes que conhecem a região durante a estação seca podem ter a impressão de que há escassez de chuvas, mas na verdade, o Cerrado recebe anualmente entre 750 e 2.000 mm de chuva, com uma média de 1.500 mm. Esse índice é comparável à quantidade de chuvas na Amazônia (1.500 a 3.500 mm/ano) e na Mata Atlântica (2.000 a 2.500 mm/ano), embora nas outras regiões as chuvas sejam mais distribuídas ao longo do ano.
No Cerrado, a estação seca vai de maio a setembro, com precipitação média mensal de 24,3 mm, enquanto a estação chuvosa vai de outubro a março, com precipitação média mensal de 212,4 mm, concentrando 90% da precipitação anual nesta última. O bioma se estende por altitudes que variam de menos de 300 m até chapadas de até 1.600 m, resultando em variações térmicas significativas. A temperatura média na região é de cerca de 20º C, podendo variar de temperaturas muito quentes (acima de 30º C) a frio intenso, com possibilidade de geadas.
A altitude média do Cerrado é de 500 m acima do nível do mar, com apenas 15% da área situando-se acima de 1.000 m. O relevo é dominado por chapadas suaves e vales, por onde fluem numerosos rios e riachos. Contrariando a percepção comum, o Cerrado é uma importante fonte de água para o Brasil. Estando em uma posição elevada, os rios nascidos no Cerrado alimentam diversas bacias hidrográficas brasileiras, incluindo as dos rios São Francisco, Tocantins, Araguaia e Paraná, e a região abriga belas cachoeiras e córregos.
O Aquífero Guarani, um dos maiores reservatórios de águas subterrâneas do mundo, também passa pelo Cerrado, abrangendo áreas na Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil (em oito estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste). No entanto, esta riqueza hídrica está sob risco de contaminação por poluentes, especialmente agrotóxicos, em áreas de cultivo de milho, cana-de-açúcar, soja e pastagens.
Fonte: Marcelo Bizerril, O Cerrado para Educadores(as): Sociedade, Natureza e Sustentabilidade. Editora HaikaiI. (2021)

Reserva Ecológica da UEG – Trilha do Tatu

Na área da Reserva Ecológica da UEG, onde se localiza a Trilha do Tatu, predominam dois tipos principais de vegetação: o Cerrado Ralo e a mata mesófila (Mata Seca com Vegetação Estacional Semidecídua e Mata Ciliar). Comparado com a mata mesófila, o Cerrado é a vegetação mais extensiva.
Ao longo da Trilha do Tatu, a principal característica é a presença do Cerrado Ralo. Esta formação se distingue por árvores de pequeno porte, geralmente baixas, inclinadas, tortuosas e com ramificações irregulares e retorcidas, alcançando de dois a três metros de altura. A vegetação é arbóreo-arbustiva, representando a forma mais baixa e menos densa do Cerrado strictu sensu.
Além disso, a trilha atravessa áreas de Mata Seca, que apresenta uma característica interessante: durante a estação seca, a maioria das folhas das árvores caem (caducifólia), e essa vegetação não está associada a cursos d’água.
No final do percurso da Trilha do Tatu, encontra-se a Mata de Galeria. Esta fitofisionomia é caracterizada pela presença de pequenos rios que formam corredores fechados, normalmente situados no fundo dos vales. A vegetação é mais alta em comparação com outras fitofisionomias, e o solo é rico em nutrientes.

Cerrado
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