Trilha do Tatu - UEG
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Universidade Estadual de Goiás
Câmpus CET Anápolis - UEG
Laboratório de Ecologia e Educação Científica - LabEduC
Trilha Ecológica do Tatu
End: Br 153, Nº 3.105, Km 99 Zona Rural, DAIA, Anápolis - GO.
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Formulário para agendamento de aula na trilha https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScRr3T0yUzF9ymnBfdufMNdB5XxywZm1zQ-ZFohYBHVs1KoOA/viewform?usp=sf_link
Biodiversidade - Fauna
Fauna do cerrado
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando aproximadamente 22% do território brasileiro. Este bioma é conhecido por sua grande diversidade biológica, incluindo uma fauna rica e variada, com muitas espécies endêmicas. A fauna do Cerrado desempenha papéis cruciais na manutenção dos ecossistemas, na polinização de plantas, na dispersão de sementes e no controle de populações de insetos.
Apesar de sua biodiversidade, ainda sabemos muito pouco sobre as espécies animais que habitam o Cerrado. Embora o bioma abrigue uma grande variedade de animais, seu índice de endemismo é relativamente baixo em comparação com outros biomas brasileiros, como a Amazônia, a Caatinga, a Mata Atlântica e o Pantanal. Isso se deve, em parte, à influência da fauna dos biomas vizinhos, que interagem e competem com os habitantes do Cerrado.
A fauna do Cerrado é composta por mamíferos, aves, répteis e insetos. Entre os mamíferos, destacam-se espécies emblemáticas como a onça-pintada (Panthera onca), o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla). As aves também são representadas por uma diversidade impressionante, incluindo o seriema (Cariama cristata) e o tucano-toco (Ramphastos toco). Os répteis, como a jararaca (Bothrops jararaca) e a cobra-cipó (Philodryas patagoniensis), fazem parte desse ecossistema, assim como uma infinidade de insetos que desempenham papéis vitais na polinização e na decomposição.
Infelizmente, a biodiversidade do Cerrado enfrenta várias ameaças. A perda e a fragmentação do habitat, resultantes da expansão agrícola e da urbanização, são as principais preocupações. Além disso, a exploração excessiva dos recursos naturais, a introdução de espécies exóticas e a poluição contribuem significativamente para a redução da diversidade de espécies. Dados levantados pela Fundação Biodiversitas em 2003, juntamente com informações de Hilton-Taylor em 2004, indicam que pelo menos 137 espécies animais do Cerrado estão ameaçadas de extinção.
Diante desse cenário alarmante, é crucial que medidas de conservação sejam adotadas para proteger a fauna do Cerrado. A criação de áreas protegidas, a implementação de políticas de desenvolvimento sustentável e a promoção de projetos de educação ambiental são essenciais para garantir a sobrevivência das espécies e a manutenção dessa rica biodiversidade. Proteger o Cerrado é uma tarefa urgente e necessária para preservar não apenas as espécies que habitam esse bioma, mas também para manter o equilíbrio ecológico e os serviços ambientais que ele proporciona à sociedade.
Principais Animais do Cerrado
Mamíferos
O Cerrado, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do Brasil, abriga uma variedade de mamíferos que desempenham papéis ecológicos importantes. Aqui estão alguns dos principais mamíferos do Cerrado: lobo guará (Chrysocyon brachyurus), tatu canastra (Priodontes maximus), tamanduá bandeira (Myrmecophaga tridactyla), queixada (Tayassu peccari), capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), cervo do pantanal (Blastocerus dichotomus), morcego (diversas espécies), rato do cerrado (Thrichomys sp.), jaguatirica (Leopardus pardalis), veado campeiro (Ozotoceros bezoarticus), gato do mato (Leopardus tigrinus), macaco prego (Sapajus libidinosus), mão pelada (Procyon cancrivorus), gambá de orelha branca (Didelphis albiventris), jaguarundi (Herpailurus yagouaroundi), tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla), raposa do campo (Lycalopex vetulus), onça parda (Puma concolor), dentre outros.
Os mamíferos do Cerrado são essenciais para a manutenção do equilíbrio ecológico. Eles contribuem para a polinização, dispersão de sementes, controle de insetos e regulação das populações de outras espécies. A preservação do Cerrado é fundamental, pois muitas dessas espécies estão ameaçadas devido à perda de habitat e à degradação ambiental. Conservar esses mamíferos é, portanto, essencial não apenas para a biodiversidade, mas também para o bem-estar dos ecossistemas em que vivem.
Aves
As aves do Cerrado brasileiro são extremamente diversas, refletindo a riqueza e a complexidade desse bioma. O Cerrado, conhecido como a savana brasileira, abriga uma variedade de habitats, incluindo campos abertos, matas de galeria, veredas e áreas de cerrado sensu stricto, cada um com sua própria comunidade de aves. A seguir, destacam-se algumas das principais espécies de aves do Cerrado: seriema (Cariama cristata), gralha do campo (Cyanocorax cristatellus), arara azul (Anodorhynchus hyacinthinus), gavião carijó (Rupornis magnirostris), tucano toco (Ramphastos toco), joão de barro (Furnarius rufus), pica-pau do campo (Colaptes campestris), andorinha do campo (Progne tapera), anu branco (Guira guira), jacu de barriga castanha (Penelope ochrogaster), coruja buraqueira (Athene cunicularia), perdiz (Rhynchotus rufescens), canário do campo (Emberizoides herbicola), rolinha (Columbina spp.), saracura (Aramides spp.), dentre outras.
Répteis
O Cerrado brasileiro, conhecido por sua rica biodiversidade, abriga uma grande variedade de répteis. Estes animais desempenham papéis ecológicos cruciais, desde o controle de populações de presas até a polinização e dispersão de sementes. Aqui estão alguns dos principais répteis encontrados no Cerrado: jararaca (Bothrops spp.), lagarto teiú (Salvator merianae), calango (Tropidurus spp.), jiboia (Boa constrictor), cágado (Phrynops geoffroanus), cobra cipó (Chironius spp.), cobra coral (Micrurus spp.), dentre outros.
Anfíbios
O Cerrado brasileiro é um bioma repleto de diversidade, incluindo uma vasta gama de anfíbios. Esses animais desempenham papéis fundamentais no ecossistema, como controle de populações de insetos e como indicadores de saúde ambiental. Aqui estão alguns dos principais anfíbios encontrados no Cerrado: sapo cururu (Rhinella schneideri), perereca de folhagem (Scinax spp.), rã pimenta (Leptodactylus labyrinthicus), rãzinha verde (Hypsiboas albopunctatus), sapo ferreiro (Hypsiboas faber), rã touro (Lithobates catesbeianus), dentre outros.
Insetos
O Cerrado brasileiro é um dos biomas mais ricos em biodiversidade, abrigando uma enorme variedade de espécies de insetos. Esses pequenos organismos desempenham papéis cruciais na manutenção do equilíbrio ecológico, atuando como polinizadores, decompositores, predadores e presas. Aqui estão alguns dos principais grupos de insetos encontrados no Cerrado: borboletas e mariposas (Lepidoptera), abelhas (Hymenoptera: Apidae), formigas (Hymenoptera: Formicidae), cupins (Isoptera), besouros (Coleoptera), libélulas e donzelinhas (Odonata), gafanhotos (Orthoptera), dentre outros.
A biodiversidade animal do Cerrado enfrenta diversas ameaças, incluindo a destruição de habitats devido à expansão agrícola, queimadas, desmatamento, e uso de pesticidas. A fragmentação do habitat e a perda de conectividade entre áreas naturais também impactam negativamente as populações de espécies.
Para conservar essa rica biodiversidade, é crucial implementar e fortalecer políticas de conservação que protejam os habitats naturais, promovam a agricultura sustentável, e incentivem a recuperação de áreas degradadas. Além disso, a criação de unidades de conservação e a promoção da educação ambiental são fundamentais para aumentar a conscientização sobre a importância do Cerrado e suas espécies.
A biodiversidade animal do Cerrado é um tesouro natural que oferece benefícios ecológicos, econômicos e culturais imensuráveis. Proteger essa diversidade é essencial não apenas para a preservação do bioma em si, mas também para o bem-estar humano e a sustentabilidade do planeta. As ações de conservação devem ser abrangentes e integradas, envolvendo governos, comunidades locais, cientistas e a sociedade em geral, para garantir que as futuras gerações possam continuar a usufruir da riqueza natural do Cerrado.
Biodiversidade - Flora
Flora do Cerrado
O bioma Cerrado é conhecido por sua grande biodiversidade e complexidade ecológica. A flora do Cerrado é adaptada a condições ambientais extremas, como solos pobres em nutrientes, alta acidez e a ocorrência de incêndios frequentes. A vegetação do Cerrado pode ser dividida em diferentes fitofisionomias, cada uma com características únicas.
As árvores e arbustos do Cerrado desempenham um papel fundamental na manutenção do equilíbrio ecológico, na provisão de serviços ecossistêmicos e na sustentação da biodiversidade do bioma. Aqui estão alguns dos principais aspectos que destacam a importância dessas plantas:
1. Regulação do Ciclo Hidrológico
• Absorção e Retenção de Água: As árvores e arbustos do Cerrado, com suas raízes profundas, ajudam na infiltração da água no solo, promovendo a recarga de aquíferos e a manutenção dos cursos d'água durante a estação seca.
• Controle da Erosão: A vegetação arbórea e arbustiva estabiliza o solo, prevenindo a erosão, especialmente em áreas de relevo acidentado.
2. Manutenção da Biodiversidade
• Habitat e Refúgio: As árvores e arbustos fornecem habitat e refúgio para uma grande variedade de espécies de fauna, incluindo mamíferos, aves, insetos e outros organismos.
• Polinização e Dispersão de Sementes: Muitas plantas do Cerrado dependem de interações com animais para a polinização e a dispersão de sementes, promovendo a regeneração e a diversidade genética.
3. Serviços Ecossistêmicos
• Ciclo de Nutrientes: A queda de folhas, galhos e outros detritos vegetais contribui para a ciclagem de nutrientes no solo, melhorando sua fertilidade.
• Armazenamento de Carbono: As árvores e arbustos do Cerrado armazenam carbono tanto na biomassa aérea quanto nas raízes, ajudando a mitigar as mudanças climáticas.
4. Adaptação ao Fogo
• Resiliência ao Fogo: Muitas espécies de árvores e arbustos do Cerrado são adaptadas ao fogo, com cascas espessas e a capacidade de rebrotar após queimadas. Isso ajuda a manter a estrutura e a funcionalidade do ecossistema.
• Manejo Natural do Fogo: O fogo, quando ocorre em regimes naturais, é essencial para a manutenção da diversidade do Cerrado, favorecendo a coexistência de diferentes espécies e fitofisionomias.
5. Importância Econômica e Cultural
• Uso Tradicional: As árvores e arbustos do Cerrado têm diversos usos tradicionais, sendo fonte de alimentos, medicamentos, fibras e materiais de construção para as comunidades locais.
• Produtos Não Madeireiros: Espécies como o pequi (Caryocar brasiliense) e o baru (Dipteryx alata) são economicamente importantes, fornecendo frutos, castanhas e outros produtos valorizados no mercado.
6. Espécies Emblemáticas e Conservação
• Pequi (Caryocar brasiliense): Conhecido por seu fruto nutritivo, é uma espécie símbolo do Cerrado e importante na culinária e cultura local.
• Barbatimão (Stryphnodendron adstringens): Utilizado na medicina tradicional, suas cascas têm propriedades cicatrizantes e anti-inflamatórias.
• Ipê (Tabebuia spp.): Valorizado por suas flores vistosas, é também uma espécie importante para a biodiversidade, atraindo polinizadores.
Desafios e Ameaças
• Desmatamento e Fragmentação: A expansão agrícola e urbana tem levado à perda de grandes áreas de Cerrado, fragmentando habitats e reduzindo a conectividade ecológica.
• Mudanças Climáticas: Alterações nos padrões de precipitação e temperatura podem afetar a sobrevivência e a distribuição das espécies de árvores e arbustos do Cerrado.
• Incêndios: A mudança no regime de incêndios devido a atividades humanas pode impactar negativamente as espécies vegetais adaptadas ao fogo.
Estratégias de Conservação
• Proteção de Áreas Naturais: Estabelecimento e gestão eficaz de unidades de conservação são essenciais para preservar as fitofisionomias do Cerrado.
• Recuperação de Áreas Degradadas: Projetos de restauração ecológica podem ajudar a recuperar a vegetação nativa e promover a biodiversidade.
• Educação e Sensibilização: Promover a conscientização sobre a importância do Cerrado e suas espécies é crucial para engajar a sociedade na conservação.
A flora do Cerrado é rica e diversificada, adaptada a condições extremas e desempenhando um papel essencial na manutenção do equilíbrio ecológico do bioma. A conservação dessas plantas é fundamental para preservar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos do Cerrado, bem como para manter o patrimônio natural e cultural da região.
Na Trilha do Tatu, situada na Reserva Ecológica da UEG, são observadas espécies frequentes em áreas com fitofisionomias como Mata Seca, Mata de Galeria e Cerrado strictu sensu. Dentre essas, destacam-se espécies da família Vochysiaceae, com ênfase no gênero Qualea. Embora nenhuma das espécies catalogadas até o momento esteja listada como ameaçada de extinção pela Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA, 2008), o levantamento na REC-UEG destaca a presença de plantas como a lobeira (Solanum lycocarpum), essencial para a alimentação de animais ameaçados, como o lobo-guará, frequentemente avistado na área (OLIVEIRA JUNIOR, 2004).
Além disso, a região é notável pela presença de frutas como o murici (Byrsonima verbascifolia), conhecido por seu alto teor de fibras, carboidratos, proteínas e lipídios (GUIMARÃES, 2008), e a mangaba (Hancornia speciosa), uma das frutas brasileiras mais ricas em ferro e uma excelente fonte de vitamina C (SILVA JUNIOR, 2004).
Ainda sobre a Trilha do Tatu, destacamos algumas espécies como: jatobá do cerrado, micônia, pau terra, barbatimão, carne de vaca, laranjinha do cerrado, murici, canela de ema, bate caixa, pacari, pau doce, lixeirinha, pau santo, pau de leite, lobeira, dentre outras.
Tipos de Cerrado
Cerrado sensu lato (sentido amplo): Inclui várias formações vegetais, variando do cerradão aos campos. A inclusão do campo limpo depende da fonte consultada. Cerrado sensu stricto (sentido restrito): Uma das fitofisionomias mais abrangentes, originalmente cobria cerca de 60% do bioma. Atualmente, essa área foi reduzida entre 50% e 70% (JÚNIOR, 2014). A diversidade de formações vegetacionais no Cerrado, conhecidas como fitofisionomias, é influenciada por fatores históricos, como queimadas, pastoreio, e características do solo (gênese e pedologia).
Fitofisionomias da Reserva Ecológica da UEG
Cerrado Ralo
Ocupa a maior parte da área da Reserva Ecológica da UEG. Este subtipo de vegetação arbóreo-arbustiva tem uma cobertura arbórea que varia entre 5% e 20%, com altura média de dois a três metros. É o tipo mais baixo e menos denso do Cerrado strictu sensu (BASTOS, 2010).
Estrutura Vegetativa
• Estrato Herbáceo-Subarbustivo: Composto por gramíneas, ervas e pequenos arbustos, que formam uma camada densa e contínua no solo.
• Estrato Arbustivo-Arbóreo: Inclui árvores e arbustos de médio porte, com alturas que variam de 3 a 8 metros. As árvores geralmente possuem troncos retorcidos, cascas espessas e raízes profundas, adaptadas para resistir ao fogo e à seca.
• Espécies Típicas: Algumas das espécies mais comuns incluem o pequi (Caryocar brasiliense Cambess), o barbatimão (Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville), o pau-santo (Kielmeyera speciosa A. St.-Hil) e a lixeirinha (Davilla elliptica A. St.-Hil).
Solos e Fogo
• Solos: Predominantemente ácidos, com baixa fertilidade natural, ricos em alumínio e pobres em nutrientes como fósforo. O solo do Cerrado sensu stricto é geralmente bem drenado, o que favorece a adaptação de espécies com raízes profundas.
• Fogo: O fogo é um elemento natural e frequente no Cerrado sensu stricto, ocorrendo aproximadamente a cada 2-3 anos. Muitas espécies vegetais são adaptadas ao fogo, apresentando cascas espessas e capacidade de rebrotar após queimadas.
Distribuição e Variação
O Cerrado sensu stricto pode ser encontrado em diversas altitudes e regiões, resultando em variações na composição florística e estrutura vegetativa. Essa fitofisionomia pode ocorrer desde áreas mais planas até encostas e topos de morros.
Importância Ecológica
• Biodiversidade: O Cerrado sensu stricto é um dos habitats mais biodiversos do mundo, abrigando uma vasta gama de espécies de plantas e animais, muitas das quais são endêmicas.
• Ciclo Hidrológico: As plantas do Cerrado sensu stricto, com suas raízes profundas, desempenham um papel crucial na infiltração da água no solo, contribuindo para a recarga de aquíferos e a manutenção de cursos d’água.
• Estoque de Carbono: A vegetação do Cerrado sensu stricto armazena uma quantidade significativa de carbono, tanto acima quanto abaixo do solo, ajudando a mitigar as mudanças climáticas.
Desafios de Conservação
• Desmatamento: A expansão agrícola e a urbanização têm levado à destruição de grandes áreas de Cerrado sensu stricto, resultando em perda de habitat e fragmentação.
• Fogo: Embora o fogo seja um componente natural do ecossistema, a alteração dos regimes de queima devido a atividades humanas pode ter impactos negativos na biodiversidade e na regeneração da vegetação.
• Espécies Invasoras: A introdução de espécies exóticas de plantas e animais pode competir com as espécies nativas, alterando a estrutura e a função do ecossistema.
Estratégias de Conservação
• Áreas Protegidas: Estabelecer e gerir áreas protegidas é crucial para a conservação do Cerrado sensu stricto. Parques nacionais, reservas biológicas e áreas de proteção ambiental desempenham um papel fundamental na preservação desses habitats.
• Manejo de Fogo: Implementar práticas de manejo de fogo baseadas no conhecimento ecológico pode ajudar a manter o equilíbrio natural do Cerrado sensu stricto, promovendo a regeneração e a conservação das espécies nativas.
• Pesquisa e Monitoramento: Investir em pesquisa científica e programas de monitoramento contínuo é essencial para entender a dinâmica ecológica do Cerrado sensu stricto e informar políticas de conservação eficazes.
O Cerrado sensu stricto é uma das fitofisionomias mais importantes e distintivas do bioma Cerrado, desempenhando um papel crucial na manutenção da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. A conservação dessa formação vegetal é fundamental para garantir a sustentabilidade ecológica e a resiliência do Cerrado como um todo.
Mata Seca
Consiste em formações florestais caracterizadas por diferentes níveis de caducifólia durante a estação seca, dependendo das condições químicas, físicas e, principalmente, da profundidade do solo. A Mata Seca ocorre em interflúvios com solos geralmente mais ricos em nutrientes e não está associada a cursos de água (BASTOS, 2010).
Estrutura Vegetativa
• Caducifólia: Durante a estação seca, muitas árvores perdem suas folhas, o que reduz a evapotranspiração e ajuda a conservar a água. Isso resulta em uma aparência mais aberta e menos densa durante esse período.
• Espécies Típicas: Incluem árvores como ipês e jatobás, que são adaptadas para sobreviver em condições de seca prolongada. Esses vegetais geralmente possuem sistemas radiculares profundos que lhes permitem acessar água em camadas mais profundas do solo.
• Solos: Geralmente, a Mata Seca ocorre em solos mais ricos em nutrientes e menos profundos em comparação com outras fitofisionomias do Cerrado. Esses solos podem ser mais férteis, mas são suscetíveis à erosão se a cobertura vegetal for removida.
Importância Ecológica
• Conservação de Água: A queda das folhas durante a estação seca ajuda a conservar a água no solo e a reduzir a perda de umidade.
• Habitat Específico: Fornece habitat para uma variedade de espécies que são adaptadas a condições de seca, contribuindo para a biodiversidade regional.
• Proteção do Solo: As raízes profundas ajudam a prevenir a erosão do solo e a manter sua estrutura durante a estação seca.
Mata de Galeria
Caracteriza-se por vegetação florestal que acompanha rios de pequeno porte e córregos dos planaltos do Brasil Central, formando corredores fechados sobre os cursos de água (BASTOS, 2010).
Estrutura Vegetativa
• Densidade: A Mata de Galeria é geralmente mais densa e alta do que outras formações vegetais do Cerrado, devido à maior disponibilidade de água ao longo do ano.
• Espécies Típicas: Incluem árvores e arbustos que estão adaptados a solos úmidos e que mantêm suas folhas durante todo o ano. Exemplos são o buriti e o ingá.
• Solo: Os solos na Mata de Galeria são ricos em nutrientes e mantêm um alto nível de umidade devido à proximidade com os cursos de água.
Importância Ecológica
• Regulação do Ciclo Hidrológico: As Matas de Galeria desempenham um papel crucial na regulação do ciclo hidrológico, ajudando a manter a qualidade e a quantidade de água nos rios e córregos.
• Biodiversidade: Proporcionam habitats para uma grande variedade de espécies de plantas e animais, incluindo muitas espécies aquáticas e semi-aquáticas.
• Conectividade: Formam corredores ecológicos que permitem a movimentação de espécies entre diferentes áreas de habitat, o que é vital para a manutenção da diversidade genética e a sobrevivência de muitas espécies.
Importância da Conservação
Ambas as fitofisionomias, Mata Seca e Mata de Galeria, desempenham papéis vitais na ecologia do Cerrado. A conservação dessas áreas é essencial para:
• Preservação da Biodiversidade: Mantendo uma grande variedade de espécies vegetais e animais.
• Manutenção dos Serviços Ecossistêmicos: Incluindo a regulação do ciclo da água, a prevenção da erosão do solo e a manutenção da fertilidade do solo.
• Resiliência Ecológica: Aumentando a capacidade do ecossistema de resistir e se recuperar de perturbações, como secas prolongadas e mudanças climáticas.
A Reserva Ecológica da UEG, com sua Trilha do Tatu, exemplifica a riqueza e a complexidade das fitofisionomias do Cerrado, incluindo a Mata Seca e a Mata de Galeria. A conservação dessas áreas é fundamental para preservar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos essenciais que elas oferecem, destacando a necessidade de estratégias de manejo sustentável e proteção ambiental. A Mata Seca e a Mata de Galeria complementam essa diversidade, fornecendo habitats específicos que suportam diferentes comunidades ecológicas e processos biológicos importantes, como a regulação do ciclo hidrológico e a manutenção da fertilidade do solo.
Cerrado
O Cerrado é um bioma essencial para a América do Sul, devido à sua rica biodiversidade, à importância na preservação dos recursos hídricos e à riqueza cultural das populações tradicionais que ali vivem. Apesar dessa importância, governos brasileiros ao longo dos anos têm transformado o Cerrado no último grande "celeiro agrícola" do mundo. Como resultado, nos últimos quarenta anos, a paisagem originalmente ocupada pelo Cerrado passou por uma profunda transformação, com mais da metade de sua área nativa sendo convertida em pastagens e monoculturas extensivas.
Além da degradação ambiental, essa transformação resulta na destruição da cultura Cerratense, afetando povos indígenas, quilombolas, caipiras e geraizeiros que historicamente compõem a região. A pouca valorização do Cerrado, em suas múltiplas dimensões, pelos meios de comunicação também contribui para a fraca identificação da população urbana com o bioma, o que pouco contribui para interromper essa marcha de destruição.
Destacar o Cerrado como tema prioritário na agenda política brasileira e nas escolas é crucial para reverter o processo de destruição do bioma e mitigar os impactos socioambientais resultantes.
O Cerrado é um conjunto de tipos de vegetação (fitofisionomias) característico da porção central da América do Sul. Esta savana, semelhante às encontradas na África, Austrália e Venezuela, possui diversas características comuns a essas regiões. Uma dessas características é a presença de árvores espaçadas, intercaladas por vegetação rasteira, o que resulta em três estratos ou camadas de vegetação: uma camada rasteira composta por gramíneas e ervas, uma camada arbustiva formada por pequenos arbustos, e uma camada arbórea com árvores de maior porte.
Outro aspecto típico das savanas é o regime de chuvas, que no Cerrado se divide em duas estações bem definidas: uma seca e outra chuvosa. Visitantes que conhecem a região durante a estação seca podem ter a impressão de que há escassez de chuvas, mas na verdade, o Cerrado recebe anualmente entre 750 e 2.000 mm de chuva, com uma média de 1.500 mm. Esse índice é comparável à quantidade de chuvas na Amazônia (1.500 a 3.500 mm/ano) e na Mata Atlântica (2.000 a 2.500 mm/ano), embora nas outras regiões as chuvas sejam mais distribuídas ao longo do ano.
No Cerrado, a estação seca vai de maio a setembro, com precipitação média mensal de 24,3 mm, enquanto a estação chuvosa vai de outubro a março, com precipitação média mensal de 212,4 mm, concentrando 90% da precipitação anual nesta última. O bioma se estende por altitudes que variam de menos de 300 m até chapadas de até 1.600 m, resultando em variações térmicas significativas. A temperatura média na região é de cerca de 20º C, podendo variar de temperaturas muito quentes (acima de 30º C) a frio intenso, com possibilidade de geadas.
A altitude média do Cerrado é de 500 m acima do nível do mar, com apenas 15% da área situando-se acima de 1.000 m. O relevo é dominado por chapadas suaves e vales, por onde fluem numerosos rios e riachos. Contrariando a percepção comum, o Cerrado é uma importante fonte de água para o Brasil. Estando em uma posição elevada, os rios nascidos no Cerrado alimentam diversas bacias hidrográficas brasileiras, incluindo as dos rios São Francisco, Tocantins, Araguaia e Paraná, e a região abriga belas cachoeiras e córregos.
O Aquífero Guarani, um dos maiores reservatórios de águas subterrâneas do mundo, também passa pelo Cerrado, abrangendo áreas na Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil (em oito estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste). No entanto, esta riqueza hídrica está sob risco de contaminação por poluentes, especialmente agrotóxicos, em áreas de cultivo de milho, cana-de-açúcar, soja e pastagens.
Fonte: Marcelo Bizerril, O Cerrado para Educadores(as): Sociedade, Natureza e Sustentabilidade. Editora HaikaiI. (2021)
Reserva Ecológica da UEG – Trilha do Tatu
Na área da Reserva Ecológica da UEG, onde se localiza a Trilha do Tatu, predominam dois tipos principais de vegetação: o Cerrado Ralo e a mata mesófila (Mata Seca com Vegetação Estacional Semidecídua e Mata Ciliar). Comparado com a mata mesófila, o Cerrado é a vegetação mais extensiva.
Ao longo da Trilha do Tatu, a principal característica é a presença do Cerrado Ralo. Esta formação se distingue por árvores de pequeno porte, geralmente baixas, inclinadas, tortuosas e com ramificações irregulares e retorcidas, alcançando de dois a três metros de altura. A vegetação é arbóreo-arbustiva, representando a forma mais baixa e menos densa do Cerrado strictu sensu.
Além disso, a trilha atravessa áreas de Mata Seca, que apresenta uma característica interessante: durante a estação seca, a maioria das folhas das árvores caem (caducifólia), e essa vegetação não está associada a cursos d’água.
No final do percurso da Trilha do Tatu, encontra-se a Mata de Galeria. Esta fitofisionomia é caracterizada pela presença de pequenos rios que formam corredores fechados, normalmente situados no fundo dos vales. A vegetação é mais alta em comparação com outras fitofisionomias, e o solo é rico em nutrientes.